segunda-feira, 31 de março de 2014

Nosso parto


O nosso amor nasceu, se chama Gustavo e este é o meu relato sobre o trabalho de parto.



Antes de começar, acesse estes links para ouvir a trilha sonora desse dia,

Nando Reis e Ana Canas - Pra você guardei
The XX - Intro

Bem, primeiro quero explicar minha escolha. Sempre quis um parto natural, cheguei a tomar a decisão de fazer o parto domiciliar. Infelizmente, por motivos financeiros (sairia muito caro em caso de complicações) e como aqui em Florianópolis, praticamente ao lado de casa, dispomos de uma clínica (http://www.ilhahospital.com.br/) que tem como carro chefe o parto humanizado e meu obstetra trabalha lá (ele é realmente a favor do parto natural (Fernando Pupin)) e o nosso plano cobre integralmente os custos, decidimos por isso.

Então vamos ao TP,
Tudo começou depois de um almoço, na tarde do dia 18 de dezembro, quando senti uma cólica seguida de corrimento. Em casa, reparei que o corrimento era sangue, sabia o que significava; o tampão saira, estava entrando em trabalho de parto.
Como sabia que poderia demorar muitas horas e talvez dias para que as contrações começassem pra valer, liguei para o marido, para a doula, para o médico e para os meus pais. Assim, todo mundo começaria a se preparar. 
Sem alarde e com muita calma, levei o nosso cachorrinho na veterinária, fui comprar alguns presentes de natal que ainda faltavam e quando cheguei em casa percebi que as cólicas fracas que estava sentindo estavam começando a intensificar e ritmar.
Ainda quando estavam espaçadas, de hora em hora, liguei pro maridão e falei pra ele vir pra casa, porque agora sim, era o trabalho de parto ativo chegando. Ele veio, jantamos, conversamos e tentei dormir, mas já não conseguia mais.
Na verdade a partir de umas 22:00, eu não me lembro de muitas coisas. Lembro de não conseguir ficar deitada quando as dores vinham, de pé elas eram mais leves e que as 2 da manhã meu marido ligou para a Lydi (doula) vir porque as contrações estavam de 10 em 10min.
Fomos ao plantão da maternidade onde fui atendida por um médico que fez o exame do toque de maneira grosseira e me mandou pra casa com 1cm de dilatação (ou seja, nada!)
Fui pra casa com as contrações praticamente cessadas (também, impossível não travar sendo tocada daquele jeito). 
Chegamos em casa eram quase 5 horas, comemos, conversamos e dormimos um pouco. As exatas 6:30hras acordei com a primeira contração de parto ativo que me lembro, e podem acreditam, elas vieram com tudo.
Pelo menos essa é a sensação que tenho, que foi ali que efetivamente o negócio começou pra valer afinal, o Gustavo estava realmente querendo vir ao mundo no dia 19 de dezembro.
Ficamos em casa o máximo que deu, até eu me sentir segura pra ir pra maternidade, não queria chegar lá e travar de novo. Segurei até as 10:30, quando fomos atendidos por uma médica maravilhosa e delicada que logo ligou pro meu obstetra e me mandou pra sala de parto com 4-5cm de dilatação e contrações a cada 5-3 min.
Depois de chegar a sala de parto me lembro de algumas coisas, não muitas, me lembro de como aquele chuveiro da sala de parto era maravilhoso, aliviava a dor, de como tentar entrar na banheira foi um sacrifício (não nasci pra parir deitada, nem sentir contrações sentada), de como respirar e sentir a dor como um onda que vem e vai me ajudou. De como meu marido foi incrível e participativo e como a minha doula foi maravilhosa (sem esses dois tudo teria sido muito mais difícil).
Tivemos duas intervenções, estouramos a bolsa manualmente e tomei uma pequena dose de anestesia para dormir um pouco. Meia hora depois, acordei no período expulsivo, fui para o banquinho de cócoras e em meia hora, já sem efeito de anestesia o Gustavo nasceu. 
Aconteceu as 18:50 do dia 19 de dezembro de 2013. Ele veio ao mundo com 52cm e 3,815kg, apgar 9/10 e sua história de vida neste mundo começa com três empurradas certeiras, a primeira o encaixou na saída, a segunda o coroou e a terceira o fez vir ao mundo inteirinho.
Quando ele estava encaixado e coroado lembro de sentir ele se mexer dentro de mim, uma sensação estranha e maravilhosa. Depois, quando o vi e olhei aquele cordão que nos ligava de uma forma tão linda e mágica e vi aqueles lindos olhos cinzas me olhando, senti um profundo amor. O mais perfeito sentimento que existe neste mundo.
Confesso, durante o trabalho de parto achei que não ia conseguir, achei que o Gustavo não passaria pelo colo do útero (ficava pensando, isso não funciona, ele não vai conseguir passar é do tamanho de uma cabeça de agulha). Meu marido, Dalton, minha doula, Lydiane e meu obstetra, Fernando me disseram que eu não me preocupasse, que nós conseguiríamos (Gustavo e eu). 
E a natureza me mostrou que não tem essa de não dilatar (pelo menos pra maioria das mulheres) e que não tem essa de não conseguir. É possível com determinação e comprometimento.

Por fim consegui, tive o parto que tanto desejei, o mais natural possível.

E hoje vejo meu filho lindo, forte, saudável e calmo. De alguma forma, dentro de mim há um sentimento de certeza que a forma como nasceu influenciou pra tudo isso.

Foi meu primeiro parto mas confesso que não será o último porque a experiência foi tão boa, me senti tão forte, tão protagonista, que quero fazer isso de novo.

Inúmeras pessoas me ajudaram e apoiaram na decisão do parto, obrigada a todos, beijos meus e do Gustavo.