terça-feira, 6 de maio de 2014

Dia de vacina

Antes de escrever meu relato e minha ideias sobre o tema, quero esclarecer que cada vivência é única, seu filho pode não ter qualquer tipo de reação às vacinas e você pode não ter qualquer medo deste dia. Vou abrir uma discussão sobre os meus pontos de vista em relação a isso, mas esclareço que vacinei meu filho e vacinarei todas as vezes que forem necessárias para evitar qualquer tipo de doença "evitável".


Vocês mães, não odeiam esse dia?

Eu ODEIO!!

                          Imagem retirada do site google em busca intitulada como "vacina".

O momento em que levei meu filho, que estava completamente saudável, ao posto de saúde e saí de lá com ele dolorido e com febre foi um dos piores momentos que a maternidade me impôs até agora. Eu particularmente, assumo como minha a responsabilidade em fazê-lo sofrer naquele determinado momento afinal, fui eu que o levei até lá.

Agora vamos deixar claro, aqui no Brasil, ninguém pode não vacinar seu filho (ainda mais se for pobre), a vacinação considerada básica é "obrigatória" pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Mãe afirma que não vacina seus filhos e tem que mentir pra não ser processada
(Reportagem site IG)

Qualquer lugar que você frequente e que necessite de documentação da criança, exigirá a carteira de vacinação "atualizada", ou seja, que todas as vacinas estejam em dia. Se houver atrasos será necessário ir até o posto de saúde de sua região para que seu filho tome as vacinas acumuladas (já tive alunos que tomaram até 4-5 injeções no mesmo dia, então é melhor vacinar na data certa).
Em outros países como Estados Unidos, Portugal e Austrália a vacinação não é obrigatória, é altamente recomendada, mas quem opta são os pais.

Confesso, não gosto de ser obrigada a nada, só de pensar me causa arrepios. Prezo minha liberdade e consequentemente a do meu filho.

Mas algumas das minhas dúvidas são, será realmente necessário que as vacinas cumpram o calendário posto para nós?! Por que este intervalo? Por que meu bebê quando tiver 2, 4 e 6 meses tem que tomar de uma vez 4 injeções? Se sabem que normalmente esta vacina é a mais dolorida e a que causa mais reações, por que expor um bebê tão pequeno a esta situação? Onde encontro pesquisas que comprovam a necessidade desse intervalo que o calendário apresenta atualmente? Por que algumas não podem ser deixadas pra depois do 1º ano?

Pesquisei sobre o assunto e o único site que encontrei que fala sobre isso é Hospital Israelita Albert Einstein, e o único argumento que considerei plausível para responder a estas inquietações foi "o melhor esquema para a obtenção de resposta imune adequada". 
De que pesquisas tiraram esta constatação? Se alguém souber me indique leitura, por favor!

Se realmente é necessário aplicar as vacinas eu não sei, não sou da área da saúde, nem uma grande pesquisadora do tema. Como sou ignorante nisso, pesquisei e selecionei  pra vocês alguns artigos que expõem algumas das diferentes argumentações sobre o tema. Espero que apreciem e se questionem,

Argumentos não favoráveis a vacinação:

Site Temas Atuais na Promoção de Saúde (TAPS)
 
Site Slingando 

Vacina Veritas



Argumentos favoráveis a vacinação:

Site Veja

Blog Vacinação, sim ou não?

Site Drauzio Varella  (particularmente não gosto muito dele, fala mais sobre senso comum do que sobre estatísticas, mas faz parte do cenário brasileiro, então vamos dar espaço pra ele também!)


Enquanto reflito sobre tudo isso, a vida continua porque hoje é dia de vacinação dos 4 meses, boa sorte para mim e para o Gustavo! :/

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Amamentação após mamoplastia

Resolvi escrever sobre o tema "amamentação após a mamoplastia" porque muitas meninas questionam sobre a minha experiência.




Eu fiz uma cirurgia de redução de mamas quando tinha 18 anos. Não era uma necessidade física naquele momento, mas eu me sentia muito triste, inibida e tinha uma péssima autoestima. Essa cirurgia foi um dos grandes marcos da minha vida porque mudou a minha relação com o meu corpo. Eu sabia das consequências da cirurgia e tinha a consciência que talvez não pudesse amamentar. Sabia também que a minha sensibilidade nos seios provavelmente diminuiria. Mesmo assim, por amor a mim mesma, fiz a cirurgia e confesso: não me arrependo por nenhum segundo.

No entanto, sempre vivia com a dúvida: poderia amamentar?

Quando engravidei, aos 28 anos de idade, essa dúvida virou algo concreto e, para ser mais precisa, tornou-se um sentimento muito forte: a ansiedade. Afinal, eu sabia da importância do meu leite para o bebê e sabia das reais contribuições da amamentação para a criação do vínculo materno. Assim, queria amamentar por mim e pelo meu bebê...

Para assumir o controle da situação, iniciei uma gigantesca pesquisa na internet sobre o assunto. Descobri que eu não teria como saber se poderia ou não amamentar o meu filho antes de ele nascer. Os relatos que eu encontrei mostravam um retrato simples que a capacidade de amamentar dependeria da forma como a cirurgia havia sido feita (impossível de saber no meu caso, pois faz muitos anos e quase nem lembro do nome do médico), há quanto tempo ela havia ocorrido e, ainda por cima, da resposta do corpo de cada mulher.

Isso fez com que ocorresse um furacão na minha cabeça: como assim vou ter que esperar? E, assim, recebi a primeira aula de maternidade que intitulo como "Assuma que Perdeu o Controle de Tudo". A partir deste momento, assumi que não tinha controle sobre isso (hoje vejo que não tenho sobre nada, hahahaha), entendi que lidaria com a situação não importando qual ela fosse, larguei a ansiedade e esperei meu bebê chegar.

Com exatas 30 semanas de gestação o colostro (primeiro líquido que o bebê mama ao nascer) apareceu. Penso que isso aconteceu porque consegui abrir mão da ansiedade, pois acredito que os sentimentos influenciam muito na produção de leite materno. 
Faceira e feliz da vida eu poderia muito bem terminar a história aqui, dizendo que o amamentei exclusivamente no peito e que vivemos felizes para sempre... Mas, a vida real prega peças na gente, não é verdade?!

Quando o Gustavo nasceu foi direto, e com muita determinação, mamar no meu peito. Na manhã seguinte (ele nasceu às 18h50min) a amamentação realmente começou! Confesso: foi muito difícil! Mil vezes mais difícil que dar à luz é amamentar. Fazer a "pega", compreender se ele está mamando o suficiente, lidar com os machucados no seio e com os olhares de reprovação (passei por isso na maternidade com duas enfermeiras que achavam que eu e o Gustavo já deveríamos saber amamentar e mamar) e, consequentemente, lidar com a culpa que vem com o último ponto não foram em momento algum uma tarefa fácil. Mas, eu queria amamentar exclusivamente, "eu lutaria", disse pra mim mesma. E foi o que primeiramente aconteceu: saí da maternidade com meu bebê tranquilo, dorminhoco, amado e mamando exclusivamente em mim.

No segundo dia em casa meu leite "desceu" e até empedrou. Mesmo assim tive uma sensação estranha de que algo estava errado com meu filho. Depois de conversar com meu marido decidimos pesá-lo (não façam isso sem motivo). Percebemos que ele havia perdido muito mais peso do que deveria e que seus xixis estavam ficando escassos. Levamos ele no Hospital Infantil Joana de Gusmão aqui de Florianópolis onde um médico neonatologista diagnosticou nosso bebê com desidratação.

Imaginem uma mãe que chorou... agora multipliquem por 200: essa era eu! Muitos sentimentos surgiram na época e novamente o controle materno se esvaiu.

O médico recomendou o uso de complementação (leite em pó tipo NAN) na mamadeira após todas as refeições. Por que não indicou a relactação? Por que não recomendou qualquer outra forma de receber o alimento que não fosse a mamadeira, já que ela faria com que o bebê não quisesse mais mamar no peito? Não sei. Na época fiquei tão sem chão que nem cheguei a me perguntar. Provavelmente o médico sabia o que eu descobriria depois... que não produzo leite suficiente para o Gustavo. Meu leite não o satisfaz, e essa é a realidade.

O depois foi difícil. Por diversas vezes ele negou e não quis mais saber do meu peito. Mas, eu prometi pra mim e pra ele que lutaria, lembram? E assim o fiz. Continuei insistindo sempre, todos os dias. Hoje, com 4 meses, ele ainda mama no peito. Algumas vezes (menos do que eu gostaria) o leite materno o satisfaz momentaneamente e outras vezes ele até sente o cheiro, mas quer ir direto pra mamadeira. O mais legal de tudo é que de uma forma ou de outra criamos um vínculo. Ele sabe qual olhar e gestos tem que fazer para me indicar que quer o peito e quais outros deve fazer quando quer a mamadeira. Somos uma dupla fenomenal! :)

Quero deixar claro que a minha experiência não necessariamente vai se repetir. Toda mulher, salvo as que possuem alguma doença, podem e devem amamentar exclusivamente. Ter feito mamoplastia não é sinônimo de não poder amamentar! Abra mão do controle, relaxe, dê ouvidos as suas sensações e emoções. Curta a gravidez, ela é um momento único afinal, você nunca mais vai estar grávida deste bebê...

Beijos

segunda-feira, 31 de março de 2014

Nosso parto


O nosso amor nasceu, se chama Gustavo e este é o meu relato sobre o trabalho de parto.



Antes de começar, acesse estes links para ouvir a trilha sonora desse dia,

Nando Reis e Ana Canas - Pra você guardei
The XX - Intro

Bem, primeiro quero explicar minha escolha. Sempre quis um parto natural, cheguei a tomar a decisão de fazer o parto domiciliar. Infelizmente, por motivos financeiros (sairia muito caro em caso de complicações) e como aqui em Florianópolis, praticamente ao lado de casa, dispomos de uma clínica (http://www.ilhahospital.com.br/) que tem como carro chefe o parto humanizado e meu obstetra trabalha lá (ele é realmente a favor do parto natural (Fernando Pupin)) e o nosso plano cobre integralmente os custos, decidimos por isso.

Então vamos ao TP,
Tudo começou depois de um almoço, na tarde do dia 18 de dezembro, quando senti uma cólica seguida de corrimento. Em casa, reparei que o corrimento era sangue, sabia o que significava; o tampão saira, estava entrando em trabalho de parto.
Como sabia que poderia demorar muitas horas e talvez dias para que as contrações começassem pra valer, liguei para o marido, para a doula, para o médico e para os meus pais. Assim, todo mundo começaria a se preparar. 
Sem alarde e com muita calma, levei o nosso cachorrinho na veterinária, fui comprar alguns presentes de natal que ainda faltavam e quando cheguei em casa percebi que as cólicas fracas que estava sentindo estavam começando a intensificar e ritmar.
Ainda quando estavam espaçadas, de hora em hora, liguei pro maridão e falei pra ele vir pra casa, porque agora sim, era o trabalho de parto ativo chegando. Ele veio, jantamos, conversamos e tentei dormir, mas já não conseguia mais.
Na verdade a partir de umas 22:00, eu não me lembro de muitas coisas. Lembro de não conseguir ficar deitada quando as dores vinham, de pé elas eram mais leves e que as 2 da manhã meu marido ligou para a Lydi (doula) vir porque as contrações estavam de 10 em 10min.
Fomos ao plantão da maternidade onde fui atendida por um médico que fez o exame do toque de maneira grosseira e me mandou pra casa com 1cm de dilatação (ou seja, nada!)
Fui pra casa com as contrações praticamente cessadas (também, impossível não travar sendo tocada daquele jeito). 
Chegamos em casa eram quase 5 horas, comemos, conversamos e dormimos um pouco. As exatas 6:30hras acordei com a primeira contração de parto ativo que me lembro, e podem acreditam, elas vieram com tudo.
Pelo menos essa é a sensação que tenho, que foi ali que efetivamente o negócio começou pra valer afinal, o Gustavo estava realmente querendo vir ao mundo no dia 19 de dezembro.
Ficamos em casa o máximo que deu, até eu me sentir segura pra ir pra maternidade, não queria chegar lá e travar de novo. Segurei até as 10:30, quando fomos atendidos por uma médica maravilhosa e delicada que logo ligou pro meu obstetra e me mandou pra sala de parto com 4-5cm de dilatação e contrações a cada 5-3 min.
Depois de chegar a sala de parto me lembro de algumas coisas, não muitas, me lembro de como aquele chuveiro da sala de parto era maravilhoso, aliviava a dor, de como tentar entrar na banheira foi um sacrifício (não nasci pra parir deitada, nem sentir contrações sentada), de como respirar e sentir a dor como um onda que vem e vai me ajudou. De como meu marido foi incrível e participativo e como a minha doula foi maravilhosa (sem esses dois tudo teria sido muito mais difícil).
Tivemos duas intervenções, estouramos a bolsa manualmente e tomei uma pequena dose de anestesia para dormir um pouco. Meia hora depois, acordei no período expulsivo, fui para o banquinho de cócoras e em meia hora, já sem efeito de anestesia o Gustavo nasceu. 
Aconteceu as 18:50 do dia 19 de dezembro de 2013. Ele veio ao mundo com 52cm e 3,815kg, apgar 9/10 e sua história de vida neste mundo começa com três empurradas certeiras, a primeira o encaixou na saída, a segunda o coroou e a terceira o fez vir ao mundo inteirinho.
Quando ele estava encaixado e coroado lembro de sentir ele se mexer dentro de mim, uma sensação estranha e maravilhosa. Depois, quando o vi e olhei aquele cordão que nos ligava de uma forma tão linda e mágica e vi aqueles lindos olhos cinzas me olhando, senti um profundo amor. O mais perfeito sentimento que existe neste mundo.
Confesso, durante o trabalho de parto achei que não ia conseguir, achei que o Gustavo não passaria pelo colo do útero (ficava pensando, isso não funciona, ele não vai conseguir passar é do tamanho de uma cabeça de agulha). Meu marido, Dalton, minha doula, Lydiane e meu obstetra, Fernando me disseram que eu não me preocupasse, que nós conseguiríamos (Gustavo e eu). 
E a natureza me mostrou que não tem essa de não dilatar (pelo menos pra maioria das mulheres) e que não tem essa de não conseguir. É possível com determinação e comprometimento.

Por fim consegui, tive o parto que tanto desejei, o mais natural possível.

E hoje vejo meu filho lindo, forte, saudável e calmo. De alguma forma, dentro de mim há um sentimento de certeza que a forma como nasceu influenciou pra tudo isso.

Foi meu primeiro parto mas confesso que não será o último porque a experiência foi tão boa, me senti tão forte, tão protagonista, que quero fazer isso de novo.

Inúmeras pessoas me ajudaram e apoiaram na decisão do parto, obrigada a todos, beijos meus e do Gustavo.