sexta-feira, 25 de abril de 2014

Amamentação após mamoplastia

Resolvi escrever sobre o tema "amamentação após a mamoplastia" porque muitas meninas questionam sobre a minha experiência.




Eu fiz uma cirurgia de redução de mamas quando tinha 18 anos. Não era uma necessidade física naquele momento, mas eu me sentia muito triste, inibida e tinha uma péssima autoestima. Essa cirurgia foi um dos grandes marcos da minha vida porque mudou a minha relação com o meu corpo. Eu sabia das consequências da cirurgia e tinha a consciência que talvez não pudesse amamentar. Sabia também que a minha sensibilidade nos seios provavelmente diminuiria. Mesmo assim, por amor a mim mesma, fiz a cirurgia e confesso: não me arrependo por nenhum segundo.

No entanto, sempre vivia com a dúvida: poderia amamentar?

Quando engravidei, aos 28 anos de idade, essa dúvida virou algo concreto e, para ser mais precisa, tornou-se um sentimento muito forte: a ansiedade. Afinal, eu sabia da importância do meu leite para o bebê e sabia das reais contribuições da amamentação para a criação do vínculo materno. Assim, queria amamentar por mim e pelo meu bebê...

Para assumir o controle da situação, iniciei uma gigantesca pesquisa na internet sobre o assunto. Descobri que eu não teria como saber se poderia ou não amamentar o meu filho antes de ele nascer. Os relatos que eu encontrei mostravam um retrato simples que a capacidade de amamentar dependeria da forma como a cirurgia havia sido feita (impossível de saber no meu caso, pois faz muitos anos e quase nem lembro do nome do médico), há quanto tempo ela havia ocorrido e, ainda por cima, da resposta do corpo de cada mulher.

Isso fez com que ocorresse um furacão na minha cabeça: como assim vou ter que esperar? E, assim, recebi a primeira aula de maternidade que intitulo como "Assuma que Perdeu o Controle de Tudo". A partir deste momento, assumi que não tinha controle sobre isso (hoje vejo que não tenho sobre nada, hahahaha), entendi que lidaria com a situação não importando qual ela fosse, larguei a ansiedade e esperei meu bebê chegar.

Com exatas 30 semanas de gestação o colostro (primeiro líquido que o bebê mama ao nascer) apareceu. Penso que isso aconteceu porque consegui abrir mão da ansiedade, pois acredito que os sentimentos influenciam muito na produção de leite materno. 
Faceira e feliz da vida eu poderia muito bem terminar a história aqui, dizendo que o amamentei exclusivamente no peito e que vivemos felizes para sempre... Mas, a vida real prega peças na gente, não é verdade?!

Quando o Gustavo nasceu foi direto, e com muita determinação, mamar no meu peito. Na manhã seguinte (ele nasceu às 18h50min) a amamentação realmente começou! Confesso: foi muito difícil! Mil vezes mais difícil que dar à luz é amamentar. Fazer a "pega", compreender se ele está mamando o suficiente, lidar com os machucados no seio e com os olhares de reprovação (passei por isso na maternidade com duas enfermeiras que achavam que eu e o Gustavo já deveríamos saber amamentar e mamar) e, consequentemente, lidar com a culpa que vem com o último ponto não foram em momento algum uma tarefa fácil. Mas, eu queria amamentar exclusivamente, "eu lutaria", disse pra mim mesma. E foi o que primeiramente aconteceu: saí da maternidade com meu bebê tranquilo, dorminhoco, amado e mamando exclusivamente em mim.

No segundo dia em casa meu leite "desceu" e até empedrou. Mesmo assim tive uma sensação estranha de que algo estava errado com meu filho. Depois de conversar com meu marido decidimos pesá-lo (não façam isso sem motivo). Percebemos que ele havia perdido muito mais peso do que deveria e que seus xixis estavam ficando escassos. Levamos ele no Hospital Infantil Joana de Gusmão aqui de Florianópolis onde um médico neonatologista diagnosticou nosso bebê com desidratação.

Imaginem uma mãe que chorou... agora multipliquem por 200: essa era eu! Muitos sentimentos surgiram na época e novamente o controle materno se esvaiu.

O médico recomendou o uso de complementação (leite em pó tipo NAN) na mamadeira após todas as refeições. Por que não indicou a relactação? Por que não recomendou qualquer outra forma de receber o alimento que não fosse a mamadeira, já que ela faria com que o bebê não quisesse mais mamar no peito? Não sei. Na época fiquei tão sem chão que nem cheguei a me perguntar. Provavelmente o médico sabia o que eu descobriria depois... que não produzo leite suficiente para o Gustavo. Meu leite não o satisfaz, e essa é a realidade.

O depois foi difícil. Por diversas vezes ele negou e não quis mais saber do meu peito. Mas, eu prometi pra mim e pra ele que lutaria, lembram? E assim o fiz. Continuei insistindo sempre, todos os dias. Hoje, com 4 meses, ele ainda mama no peito. Algumas vezes (menos do que eu gostaria) o leite materno o satisfaz momentaneamente e outras vezes ele até sente o cheiro, mas quer ir direto pra mamadeira. O mais legal de tudo é que de uma forma ou de outra criamos um vínculo. Ele sabe qual olhar e gestos tem que fazer para me indicar que quer o peito e quais outros deve fazer quando quer a mamadeira. Somos uma dupla fenomenal! :)

Quero deixar claro que a minha experiência não necessariamente vai se repetir. Toda mulher, salvo as que possuem alguma doença, podem e devem amamentar exclusivamente. Ter feito mamoplastia não é sinônimo de não poder amamentar! Abra mão do controle, relaxe, dê ouvidos as suas sensações e emoções. Curta a gravidez, ela é um momento único afinal, você nunca mais vai estar grávida deste bebê...

Beijos

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